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Inana no submundo
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Deuses sumérios
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A Deusa Inana era filha do Deus Nannar ou Nanna, neta do Deus Enlil, irmã gêmea de Utu, sobrinha do Deus Enki e Ninmah. Seu nascimento se deu na terra, quando os deuses anunas já haviam se estabelecido, portanto é uma anuna-ki, de descendência terrena. Era conhecida por andar semi nua e promover eventos sexuais em praça pública. Tinha um gosto peculiar por assassinar os cabeças preta, povo sumério, e até desenvolver maturidade, custou em conquistar a confiança dos Deuses Enki e Enlil. Inana pretendia casar-se com um agricultor e sonhava em desenvolver grandes cidades com ele. Mas foi durante a fuga dos deuses que se protegeram contra o dilúvio, que a deusa conheceu melhor seu parente Damuzid, filho de seu tio Enki.

De volta aos reinos que haviam abandonado antes do dilúvio, o Deus Damuzid investiu diversas vezes na conquista pelo coração de Inana, até que um dia ela cedeu e os dois formaram um casal apaixonado. Damuzid e Inana, agora faziam parte do clã da lua, pertencente ao Deus Enlil, e se estabeleceram na região mesopotâmica, distante do clã do sol que se estabelecia na África. A intenção dos clãs, Sol-Enki e Lua-Enlil, era fazer com que se unissem com o casamento de seu filho e neta, para que herdassem as casas de luz no Egito. As casas de luz, era como chamavam as pirâmides. Inana então, desenvolveu um plano para promover status e grandeza à Kemit/Egito e não fez nenhum segredo disso.

Os sonhos e desejos de Inana provocaram a inveja de seu primo e cunhado Marduk. O irmão de Damuzi, Marduk, era um rei muito poderoso, protetor e desenvolvedor das terras de seu pai no Egito, e senhor de muitas cidades. Ele desejava manter a jurisdição local e não pretendia dividir o Egito com o clã da lua e seu irmão Damuzid. Numa tentativa de evitar o casamento de seu irmão com a Deusa Inana, criou um  plano para condená-lo por estupro. Convenceu uma de suas irmãs a se deitar com ele, e depois acusa-lo pelo crime. Conforme o planejado, a irmã de Damuzid o convenceu a se deitar com ela antes do casamento, mas não o condenaria. No entanto, no dia em que os irmãos se deitaram, Marduk estava aguardando para prendê-lo, e não esperou que a irmã o acusasse. Logo pela manhã, os guardas estavam a sua procura. À procura de Damuzid. Foram até a sua irmã, o encontraram, e o prenderam.

Damuzid havia tido um sonho premonitório. No sonho ele seria morto por demônios. Sua irmã o avisou do mal presságio e jurou que não o acusaria, mas Marduk já o havia feito. Então Damuzid recorreu a seu primo e futuro cunhado Utu. Lhe pediu que o ajudasse a fugir da prisão e permitisse que corresse o mais rápido para bem longe, até que tudo fosse esclarecido. Utu permitiu a fuga de seu amigo. Mas Damuzid não foi muito longe. Mais tarde, souberam que durante a fuga ele havia caído no mar, Damuzid morreu afogado.

Quando Inana soube do acontecido, saiu em busca de seu noivo pelos campos. Andou por todas as cidades e arredores em busca dele, até que uma mosca veio ter com ela. A mosca lhe disse que sabia onde o seu amado estava. Lhe contou que seu filho pastava as vacas quando viu Damuzid pela última vez. Mas queria algo em troca e Inana lhe prometeu uma vida melhor em troca da informação. A mosca então, revelou o local da queda de seu amado. Desolada Inana correu atrás do corpo de seu noivo e o encontrou onde a mosca lhe havia indicado. A Deusa cumpriu o que lhe havia prometido. Todo o reino caiu em desolação. Mas Inana não perdoaria Marduk. Ela se vingaria dele pela morte de seu amor.

Depois da morte de Damuzid, mais de um canto, ou Bal-abe, foram feitos sobre este terrível acontecimento. Em um destes Inana é quem cria a trama para que Damuzid se deite com a própria irmã, mas Marduk descobre e lhe faz outra proposta. Num dos cantos em que Inana desce ao submundo ela vai até o E-Kur, casa de seu tio Enki, ela o embebeda e lhe rouba os poderes divinos além do carro do céu, para ir atrás de Damuzid no submundo. Ao chegar aos portões de Gazer, sua irmã Erekigala a recebe com receio e cólera, pois teme a sua visita. Ela acredita que Inana deseje o seu trono. Então Inana é despojada de sua vestes enquanto atravessa os sete portões do inferno, o lugar de não retorno. Assim que está completamente desnuda e sem qualquer um de seus mecanismos de defesa, ao invés de render-se, o que ela faz é assentar-se no trono da rainha Erekigala, reivindicando-o. Os anunas não aceitam tamanha afronta, a julgam e a condenam com a morte. Inana é morta e seu corpo pendurado num gancho.

Mas seu ministro, o ministro fiel de santa Inana, havia recebido instruções para que recorresse aos deuses em seu favor. Antes de Inana se aprontar para descer ao submundo, sabiamente recomendou a seu ministro que a ajudasse visitando os deuses para o seu benefício. Mas somente o Deus Enki é capaz de socorre-la, somente o deus bondoso Enki pode salvá-la. Então ele cria duas criaturas e as envia para o submundo em favor de sua sobrinha neta. Lá as criaturas exigem o seu corpo, e santa Erekigala não é capaz de negar-lhes o direito. Assim que o corpo de Inana está sob o poder das criaturas eles a ressuscitam conforme as instruções do Deus Enki. Mas desta vez, a deusa impera sobre o seu direito pelo trono do submundo, afinal ela já cumpriu a pena com sua própria vida e acredita ser melhor administradora que a rainha em seu poder. Então, santa Erekigala não tem outra escolha se não, aceitar dividir o trono com sua meia irmã Inana pela metade do ano. Segundo os contos Inana ascende ao trono do submundo na primavera europeia.

Leia o canto sumério original sobre a descida de Inana ao submundo traduzido pela universidade de Oxford neste link: Inana no submundo

A deusa suméria Inana se tornou Ishtar em acádio, Nut, Hator e Ísis em egípcio, Brandwen em galês, Eostre em ânglo saxão, Afrodite e Atena em grego, Vênus em roma. É a deusa Perséfone que surge do submundo na primavera europeia e também a deusa que deu nome à Pascoa em inglês. Foi retratada por Leonardo Da Vinci como o menino Jesus ao lado do cordeiro João Batista, que representa o pastor Damuzid, seu noivo.

Enquanto se recuperava da morte de Damuzid, se relacionou com muitos homens os quais ela os matava em seguida após o sexo. Sua história pode ter inspirado o conto da rainha Fatal atlante, e também uma versão da viúva negra. Seja qual for a história em que Inana é representada, esta se mantém até os dias de hoje, com nomes diferentes e a mesma característica marcante.